quarta-feira, 4 de maio de 2011

[FLASHBACK] Mãe, larguei a facul. Vou fazer Direito.

Terça feira, 24 de outubro de 2010.
Estou puto com a baiacu Tânia, professora de cálculo diferencial e integral. A vaca está falando um monte de groselha na frente da sala (grunhindo, para ser mais preciso) e se recusando a ser precisa em suas explicações. Ela falta abundantemente e sem motivos aparentes, fazendo com que seus pupilos esperem em vão e 'com cara de taxo' na sala de aula. Sublime. Na última vez em que fiquei emputecido assim com essa mesma senhora, saí da sala de aula imediatamente, fui para o apê juntar minhas tralhas, chamei um moto-taxista para que me levasse até a estação rodoviária de Aparecida. De lá tomei um omnibus rumo a minha cidade.

Naquele momento, pouco antes das P2, estava às margens de um ataque de nervos e prestes a abandonar tudo. Após muita conversa com meus pais, decidi acabar o ano e tentar me transferir de volta para o Mackenzie.

Bom, de volta ao segundo semestre, nesta data já precisada, após meses de reflexão eu havia decidido ficar na UNESP. Aguentaria o descaso do governo estadual com o ensino superior público até o décimo semestre firmemente, afinal até então eu não estava insatisfeito com o curso, mas com a instituição. Como nem tudo é perfeito e merda acontec e sempre há uma pedra no meio do caminho, minha mente resolveu odiar a Engenharia Mecânica, e assim fez meu corpo: passado quase um ano, eu já não tinha mais ânimo para levantar e ir assistir aula. Detalhe: havia dias em que a aula começava às 10h40 e eu morava no quarteirão da faculdade. Não era vagabundagem. Eu estava prestes a entrar em depressão: não tinha vontade nem de bagunçar, ir às festas do centro acadêmico e da atlética, muito menos das repúblicas. Havia problemas.

Na noite desta terça feira - coincidentemente, no aniversário de morte do meu querido avô Heli Teodoro, que merece um post próximo- como de costume, o Fernando (amigo com quem dividia apartamento) foi dormir cedo. Eu fiquei acordado até umas 23h30 e fui deitar-me também, sem sono. Começa o mindstorm. Reflexões existenciais dominam minha mente. O que estou fazendo nesse inferno de lugar? Odeio a cidade, não sinto apreço algum pela faculdade, não fico totalmente à vontade entre os colegas, só tenho tirado notas baixíssimas, sou um dos piores alunos da sala e vou ser reprovado em tudo, não tenho mais ânimo para nada. Passou da hora de agir. Devo voltar para casa com uma solução razoável para meu problema e, mais que isso, para minha vida. Chega.


Rola para um lado, rola para o outro, deita com barriga para cima, barriga para baixo. Nada de sono. Meia noite. Vou para a sala e ligo o computador. Porra, preciso me resolver. Se eu largar isso aqui, pra onde eu vou? O que mais eu posso fazer? De imediato, não me vejo fazendo mais nada....MUITO MENOS ISSO QUE ESTOU FAZENDO. Sei lá, a única certeza que tenho é de que nada sei.

Horas passam, páginas na internet voam. PUFF! Volta o mindstorm: o que dá dinheiro? Publicidade, administração, medicina, direito....DIREITO! Sempre babei no poder dos juízes, na lábia dos advogados, na contundência dos promotores. E, para os bons profissionais, dá uma bela grana e até mesmo estabilidade financeira, além do PODER. Meu avô era advogado influente na região onde morava e sua figura impunha respeito. Pagava um pau, pô. Os rumos do país estão nas mãos dos operadores do Direito, sejam eles juízes, promotores, advogados, desembargadores, professores, diplomatas. A ideia parece mais interessante, agora. Vou arriscar...afinal, "how can I be lost, if I got nowhere to go?".


Pesquisei se a instituição que eu tanto apreciava, a Mackenzie, ainda tinha inscrições abertas para o processo seletivo. Positivo. Foi a primeira vez em que perdi uma noite de sono, já que sou muito desencanado com os problemas: acho que eles devem ser resolvidos nos momentos certos, não devem atrapalhar meu sono. Mas este problema atrapalhou. Passei a noite em claro maquinando e imaginando como seria minha vida, com aquele PUUUUTA MEDO de ir falar aos meus pais sobre a minha decisão (já havia dito que pensava em prestar vestibular para Direito no ano anterior, mas fui prontamente reprimido, já que acharam que eu estava tresvariando). Voltei para casa novamente,  logo de manhã. Almoçaria com os pais para contar a novidade....uuh, que meda.

Bom, gente. Não é novidade que estou em maus lençóis naquela faculdade. Vocês disseram que eu só deveria largar o curso quando decidisse o que seria feito de minha vida. Está decidido, larguei a facul. Vou fazer Direito.

Para minha felicidade, fui prontamente apoiado em minha decisão. Discorremos sobre questões programáticas e práticas sobre meu futuro, para nortear minhas ações. Tudo estava entrando nos trilhos novamente.

Pau na boneca, 'bora estudar História, já que o peso é alto. Passa estudo, passa prova, passa resultado, FAIL TOTAL PARA MIM, vi que meu nome não estava na lista de aprovados enquanto estava numa lan house num dos parques Universal Studios em Orlando. Acabou com meu dia. Ainda tinha a vaga garantida na Brás Cubas (há rumores que a instituição está caminhando a passos largos rumo à falência), mas não parece a melhor opção. E agora, quem poderá me defender?

Eu, Chapolim Colorado Damásio de Jesus. Havia algumas vagas disponíveis para a turma do noturno, logo  prestei o vestibular para vagas remanescentes. Aprovado com louvor. No noturno, há 2 vagas para cada aluno.

Bolinha vai, bolinha vem, fiquei apreensivo quanto à minha mudança nos primeiros momentos. Tive muito medo de ter errado e ficar perdido indefinidamente. Felizmente, foi só uma insegurança inicial que foi superada aos poucos, até saírem os resultados das provas e o reconhecimento por parte dos docentes: EU NASCI PRA ISSO, CACETE! Não é da conta de ninguém, mas eu passo por alguns problemas no momento. Porém, minha paixão pela faculdade e pelo curso é tão forte que quase nada pode me abalar por completo agora. O Direito me fez um novo homem. Voltei a ter minha auto-confiança (excessiva, às vezes), altivez, força. Amadureci. Agora, levo uma aula totalmente a sério; enfrento mais de 3h diárias de transporte coletivo, entre idas e vindas, com a maior felicidade do mundo; tenho apresentado um rendimento acima do esperado e faço o que faço com PRAZER. É o segredo.

Juro que acabei. Agradeço a paciência do sr. leitor de ter suportado meu desabafo/relato até o final.
Até a próxima!

4 comentários:

  1. Minha aterrisagem no Damásio foi bem parecida , Gui. Precisei desfrutar de um ódio mortal na FMU para decidir que ali não era o meu lugar... Queria seriedade e não encontrava nada ali naquela instituição , muito menos confiança.
    Em junho do ano passado ingressei no preparatório de concursos do Damásio e me encantei com o modo como o Direito era levado a sério ali por aqueles professores que nos davam o que tinham de melhor.
    Conheci um professor que ainda nos dará aula na graduação futuramente que me fez mais ainda admirar tudo aquilo. Me ensinou muito e , principalmente como o Direito pode ser algo realmente sólido e verdadeiro quando realizado com seriedade.
    E me sinto hoje como você , mega feliz e no caminho certo , trilhando meu destino rumo a carreira pública. E que nosso futuro seja brilhante !

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  2. Isso aí, Van! Bom saber que há mais amigos que passaram por algo parecido com o que eu passei.
    Sim, que nosso futuro seja brilhante!

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  3. cara, passo por algo semelhante rs
    se puder entrar em contato pra compartilhar sua experiência, seria de grande ajuda

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