segunda-feira, 2 de maio de 2011

O sonho -muitas vezes frustrante- da faculdade pública

Como dito na coluninha "sobre o autor", eu fiz quase um ano de Engenharia Mecânica em uma universidade pública, a UNESP (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Campus Guaratinguetá). Aqui vão minhas impressões, mas antes colocarei tudo num contexto.

Desde pequeno, tenho tara por carros, o que me fez - naturalmente- querer trabalhar com eles. Queria projetar, criar, desenvolver meus próprios carros, e a profissão que me daria subsídios para tanto era a de engenheiro mecânico. Passei algo em torno de 8 anos da minha vida sonhando em ser isso.

Como toda mãe que se preze, a minha quer o melhor para seus filhinhos. O hype no meio escolar, pelo menos na minha época, foram as faculdades públicas, conhecidas por alta qualidade de ensino e por formar profissionais excelentes, logo mamãe me queria numa universidade dessas. Como eu sempre fui um dos melhores alunos da sala e adorava - adoro- me destacar dos demais, resolvi que enfrentaria um processo auto-destruidor processo seletivo, o vestibular, para fazer um dos cursos mais concorridos no Brasil em uma universidade pública. Meus pais sempre me deram o melhor em educação que foi possível, sendo assim o colégio mais adequado na minha cidade para atingir tal feito era o Objetivo.

Quanto ao método de ensino para aprovação em vestibular, nada a reclamar. Escola excelente, tanto que consegui passar na UNESP direto do ensino mérdio médio sem estudar porra nenhuma, sem cursinho, num dos cursos mais concorridos. A escola respira vestibular. Quem leva minimamente a sério, acaba por respirar também.

Como o resultado dos vestibulares das públicas demora a sair e eu só passei em segunda chamada, fui logo me matriculando na Universidade Presbiteriana Mackenzie, o maior reduto de patricinhas gostosas e playboys frescos escrotos do país onde cursei engenharia mecânica por um mês. Eu amava aquele lugar, tudo era legal, mesmo acordando 4h20 da manhã todo dia para curtir a CPTM lifestyle. =D

9 de março de 2010: como presente de aniversário pro meu orgulhoso pai, fui convocado para matrícula na UNESP. Chegando lá, mas que vergonha, só tinha maconha, campus muito mal cuidado, com alguns veteranos imbecis oferecendo vagas em repúblicas porquíssimas, ninguém com vontade de trabalhar, tudo velho e largado. Havia alguns cães perambulando pelo campus, assim como algumas galinhas. EM UMA FACULDADE DE ENGENHARIA. Muito mato, mosquitos, alguns ratos e baratas. Matrícula feita, my ticket to ride was bought. 


Passado o primeiro mês, pude comparar com o que tive na Mackenzie: na UNESP, os professores eram fracos, faltavam à toa, não havia material didático consistente recomendado pelos mestres (quando havia, eles nunca sabiam onde comprar) e tudo parecia parado no tempo e muito amador. ODIEI. Na Mack, tudo era muito profissional, limpo, organizado, justo.

Depois deste depoimento, o que posso dizer a vocês? FACULDADE PÚBLICA NÃO PASSA DE UMA MIRAGEM CRIADA POR CURSINHOS E ESCOLAS FOCADAS EM VESTIBULARES. Não tem estrutura, professores decentes e o nível dos alunos só tem caído com o boom dos cursinhos (qualquer idiota que estuda 5 anos num cursinho bom passa em algum curso qualquer numa pública) e dos alunos imbecis.

Então, se é assim, por que existe o mito de que faculdade pública é 'tudibom'? Simples: é de graça, é interessante pra todo mundo. Se é de graça, tem fila. Se as vagas são limitadas, a concorrência sobe. Com concorrência lá no alto, só os melhores conseguem entrar; já que os melhores são os que estão lá dentro, eles continuarão sendo os melhores após formados, pois estudarão tresloucadamente durante o curso, tornando-se auto-didatas. Daí vem a falsa impressão de que faculdade pública é boa, quando o que é bom são os ALUNOS.

Pensem sobre isso.

Um minuto de silêncio para os alunos de faculdades públicas...



















Hoje, aluno de Direito (depois conto a transição) em faculdade particular, posso novamente ressaltar as qualidades deste tipo de instituição. Tudo é bem cuidado (pois existe UM DONO), os professores não tentam foder o aluno por mera diversão, as coisas funcionam bem, meu dinheiro é bem empregado. Sim, a mensalidade da minha faculdade é a segunda mais cara de São Paulo, só perdendo pra FGV. Porém, aos que levam a sério, o valor investido em 5 anos retorna integralmente em apenas um ano de trabalho após a conclusão do curso e aprovação no exame de Ordem. Vale a pena, não? Faculdade pública é um barato que sai caro...sem professores, não se aprende adequadamente; sem aprendizado, péssimo desempenho; desempenho aquém da média, DP's abundantes; DP's durante o curso, mais tempo até a conclusão deste, perda de tempo. É tudo tão óbvio...

Reflitam sobre esta questão... não é só o dinheiro ou a imagem que está em jogo: é o seu futuro. Prefiro gastar um pouco mais e me sentir um profissional de verdade, além de garantir meu exame de Ordem, a ficar ralando e chorando numa pública decadente, para ter que fazer um cursinho para a prova da OAB depois. Eu sou uma das únicas pessoas que pode falar com autoridade sobre isso, pois já vivi os dois lados da moeda, ou seja, meu comentário é livre de desdém, parcialidade ou dor-de-cotovelo.

Bom, é isso.
Aquele abraço por trás!

4 comentários:

  1. Meu filho, você que passou apenas alguns meses na UNESP, a julga como lixo...comparado a o que?? FGV?? Mack (que aos olhos é tudo lindo maravilhoso, também com uma mensalidade monstruosa....) INSPER...e etc...
    Meu amigo o ensino superior público pode não ser lindo nem maravilhoso, porque nossos investimentos são voltados a laboratórios e ao desenvolvimento dos nossos professores. Temos docentes ruins...sim, mas você que cursou apenas alguns meses dessa faculdade, não aproveitou nem 1% do que ela e seus docentes poderia lhe oferecear...

    Meu amigo, tudo que faço é apenas rir desse post seu, porque você, nada mais do que frustado com a escolha do seu curso, saiu do que acharia ideal para ti, e optou por algo que o mercado te vendeu ....

    Espero que seja feliz com sua opção e não diminua a conquista de ninguém...porque entrar numa das melhores faculdades desse país (e não porque apenas os melhores entrão, porque simplismente o ensino superior privado é sucateado não importa onde seja...ou você quer participar de uma ANHAGUERA da vida onde 80% são aulas em video e apenas 20% presenciais???)

    Acredite no seu ensino...e nós acreditaremos no nosso...no final veremos onde você estará e onde nós estaremos.

    Somos autodidatas porque nosso ensino nos obriga a ser e isso só nos tras conhecimento. Nos constroi como profissionais para mudar esse mundo...Esse Brasil que precisa de cabeças diferentes...que precisa de cabeças que chegaram no poder para mudar o que irá ocorrer.........e NÃO DE CABEÇAS FOCADAS NO CAPITALISMO QUE APROVAM O TIPO DE ENSINO QUE VOCÊ ESTÁ A FAVOR!

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  2. Caro amigo, respeito sua opinião, mas sua visão aparenta estar viciada e um tanto deturpada. Sim, eu me frustrei com a minha primeira escolha e hoje sou muito mais feliz na segunda.
    Agora, pode ter certeza que eu não aceitei o que o mercado me vendeu. Estudo numa das instituições de ponta no que é relativo às Ciências Jurídicas neste país e defendo-a com unhas e dentes, sempre orgulhosamente.

    Ao que me parece, você não conhece os dois lados da moeda. Eu conheço, eu sei do que falo. Você tem noção de quanto você custa por mês para os cofres públicos? Mais de dois mil reais, enquanto a mensalidade de um curso de engenharia no Mackenzie custa em torno de 1400.

    Eu não tenho nenhuma aula em vídeo na faculdade, apenas aulas presenciais com excelentes professores, sendo que um deles já foi indicado para ser ministro da Suprema Corte brasileira (aliás, você sabe o que é isso?). A nota média que a Faculdade de Direito Professor Damásio de Jesus exige para a aprovação dos alunos é SETE, inclusive no exame e uma boa quantidade de alunos pega "DP" de certas matérias, o que lhe demonstra que os quase dois mil reais por mês que eu invisto são extremamente bem aproveitados.

    Não culpo seu orgulho inocente, provável fruto de anos a fio numa sala de cursinho levando "pau" na cabeça seguidamente. Só não admito que caçoe e desdenhe do que sequer conhece.

    Acredito que, uma vez que o senhor deu-se ao trabalho de fuçar um dos primeiros posts do meu blog, tenha um certo respeito e admiração pelos meus escritos, afinal ninguém lê o que não quer nem o que não gosta; portanto, espero que mantenha o decoro para comigo, lhe fará muito bem. Um pouco mais de conhecimento sobre os assuntos a partir dos quais tece seus comentários também seria desejável, colega.

    Por último, gostaria de lhe dizer que não desejo que seja inferior a mim na vida profissional, ao contrário do que você parece sentir. Costumo desejar sucesso a todas as pessoas que conheço como homens -e mulheres- de bem, independente de suas escolhas profissionais ou pessoais. Só pensarei ser, no mínimo, irônico o fato de o meu sucesso ser mais rápido, evidente e consistente que o seu, a partir deste seu comentário infeliz.

    Estimo nossa amizade e espero que este seu comentário não tenha sido algo pessoal, assim como os efeitos de minha resposta. Afinal, somos todos livres para dizer o que pensamos, não? Assim determina um dos mais de 70 incisos do artigo 5º de nossa Carta Magna.

    De qualquer forma, sinto-me lisonjeado com a atenção dispensada à leitura de meus textos. Um forte abraço.

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    1. Bom, primeiramente me desculpe se me expressei errado...jamais queria passar a impressão de que pessoas formadas em escolas particulares são inferiores as formadas em escolas públicas! Muito pelo contrário, posso citar muitos exemplos de pessoas conhecidas que hoje estão muito bem. E também não estou aqui para retirar ou diminuir o mérito de ninguém.
      Acredito 100% no dito, que o aluno faz a escola e não o contrário.

      No meu post anterior apenas apresentei alguns pontos como forma de defesa a certos pontos que você expressou em seu post (afinal somos todos livres para expressar nossas opiniões, correto?) e com certeza estamos levando isso para o lado menos pessoal possível, são apenas divergências de algumas ideias.

      Em segundo lugar, posso não ser expert no assunto, mas tenho noção do que estou falando. Não jogo asnerias ao vento, afinal como disse tenho muitos conhecidos universitários, alguns que passaram por experiências como a sua (e de faculdades renomadas), ao contrário, mas passaram. Então tenho noção do que falo.

      Acho que tentado explicar esse primeiro ponto, posso completar tentando esclarecer o que quis dizer...é evidente que existam universidades e universidades, no post anterior apenas citei exemplos, como as que não tem quase aulas presenciais, as universidades mercadológicas, que apenas visão lucro e são sucateadas e baratas, a ponto de formar profissionais completamente despreparados para assumir qualquer tipo de cargo num mercado de trabalho.
      Também existem as unviersidades de nome, que formam excelentes profissionais de alto nível, e mais que justo cobram caro por isso o que acaba restringindo este ensino a uma certa elite...não que as universidades públicas também não façam isso, afinal não são todos que tem dinheiro suficiente para bancar um cursinho e depois se sustentar em outra cidade (o que geralmente acontece) também afunilando somente para a elite; mas na sua maioria quase todas formam excelentes profissionais independente de quanto será o gasto com os alunos (até mesmo os que levam 10 anos para se formar)! Acho que por passar por um processo seletivo mais rigoroso, ou pela alta concorrência, os alunos serem mais bem preparados, ou pelo método de ensino (sendo justo ou não)...Enfim, isso vai da adaptação do aluno, ou do seu engajamento com a universidade e com o curso.

      Mas fechando esse post apenas fico triste pelos comentários negativos relativos a UNESP, apesar de seus problemas, é uma excelente faculdade, uma das melhores do país.
      Você possa não ter gostado de certas coisas, não ter se identificado com o curso momentâneamente...ter desistido e partido para outra coisa, legal! Admiro sua coragem, mas isso não te dá o direito de criticar algo que não conhece por completo, como sua crítica a Prof. Tania, sim confesso que ela era péssima, mas também temos um dos melhores professores de cálculo, Engenheiro formado pela própria FEG, com reconhecimento internacional.
      Tenha certeza que você irá cruzar com muitos professores bons e ruins na sua atual universidade, assim como em todas as univesidades do Mundo! Então partimos do ponto dos alunos que fazem a diferença, os que pegam um professor ruim e aprendem como se fosse um bom professor, é neste ponto que se destacam os melhores alunos dos bons.

      E neste ponto que o sucesso vem a cada um, independente de onde este tenha se formado, numa particular ou estadural, numa cara ou barata, o que irá levar a pessoa ao sucesso é apenas sua vontade de crescer e se envolver com seus compromissos! Alguns tendo mais facilidades pelos seus conhecimentos prévios como recompensa a sua dedicação...!

      Espero ter me esclarecido, abraços!

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  3. Opa, agora sua postura ficou mais clara! Perdoe-me pelas críticas à UNESP, mas tenho poucos elogios a fazer deste ano inteiro que passei por lá. De qualquer forma, admito que já ouvi falar de excelentes professores por lá e reconheço a existência deles; em contrapartida, o primeiro ano foi realmente um fiasco.

    Torço, de coração, para o sucesso de todos os meus colegas da FEG realmente comprometidos com suas vidas profissionais (sem levar em conta resultados acadêmicos, pois sabe-se que "prova" é um sistema de avaliação um tanto quanto relativo quanto ao verdadeiro saber do aluno) e tenho a certeza que com garra, determinação e um pouco de ambição todos serão excelentes profissionais.

    Quando voltar às aulas, mande um forte abraço a todos os nossos pares!

    Agradeço a atenção e compreensão!
    Cordialmente, Guilherme S. Lima.

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