sábado, 4 de junho de 2011

[SLK 350] The rise and fall of manolos na Mercedes.

Sexta feira, passa pouco das 10h da manhã. Ligo para meu grande amigo Belt's, perguntando o que ele faria durante a tarde, já que eu estaria em SumPaulo sem nada para fazer. Belt's me convida para ir ao Detran fazer vistoria na Mercedes-Benz SLK 350 '05 recém adquirida por seu progenitor e, obviamente, topo na hora. Não é todo dia que um amigo lhe convida para andar numa máquina que acelera de 0 a 100km/h em ultrajantes 5,4s e atinge 258km/h de final LIMITADA ELETRONICAMENTE. FFFFFUUUUUUUU!






Nos encontramos no piso G1 de um shopping center na zona sul da capital paulista e a ansiedade tomava conta de mim. Ouço um agradável ronronar subindo a rampa do estacionamento e logo sei que é a Flecha de Prata chegando ao meu encontro: um roadster super baixo, de capô (muito) comprido e assentos próximos ao eixo traseiro. O carro é um conversível de teto rígido, que se assemelha a um belo cupê quando fechado. Ao entrar no carro -tarefa que exige um pouco de preparo físico devido à reduzida altura em relação ao chão- os bancos de couro com aquecimento até para a nuca e regulagens elétricas nos acomodam muito bem, de forma justa. Numa regulagem mais "correta", com os bancos bem baixos, as pernas ficam quase paralelas ao assoalho, deixando o centro de gravidade baixíssimo. O nível de acabamento do carro é de primeiríssima linha, como se espera de um legítimo Mercedes.



Bom, sem mais delongas, sento no banco do carona e partimos rumo ao DETRAN-SP. O tráfego intenso de veículos fez questão de refrear nossos ímpetos outlaw street-racing. Porém, a cada brexinha e espaço para acelerar, o psicopata do Belt's pisava sem dó nem piedade, ao que o mal educado V6 24v de 272cv e 35,7mkgf de torque conectado às rodas traseiras por uma caixa automática G-tronic de nada menos que SEEETEE marchas respondia violentamente, sem demonstrar piedade dos pneus. A aceleração é tão brutal que após um kick down feito com vontade o carro simplesmente se apoia nas rodas traseiras, afundando a carroceria e nos fazendo literalmente colar nos bancos. Fenomenal. O carro tem ainda uma aderência fantástica, auxiliada pelo controle de tração de funcionamento discretíssimo e pelos excelentes pneus em rodas largas de aro 17". A soma de tudo isso se traduz numa analogia ao Dr. Jekyll se transformando em Mr. Hyde num piscar de olhos, com um desempenho brutal. Não tivemos a oportunidade de avaliar o carro em curvas, mas pela distribuição de peso e qualidade do conjunto de rodas/pneus já é possível esperar resultados avassaladores.



Na volta, com pista mais livre, abaixamos a capota e fomos curtir mais algumas aceleradas fortes. Já na hora de ir embora, o rádio se desliga sozinho, recusando-se a voltar ao trabalho. Em seguida, o carro fica um pouco manco, fraco; como se não bastasse, o tacômetro e o velocímetro simplesmente travam e o computador de bordo avisa que, um a um, os controles eletrônicos iam saindo de operação. ASR, BAS, ESP, airbags, tudo. Meldels.

O carro para de vez numa esquina, sem esboçar reações. Bateria totalmente descarregada -o que é incrível, pois havia sido trocada na quinta feira- e, por sorte, aparece um rapaz da Porto Seguro com uma Frontier da empresa, que nos acudiu. Seu equipamento logo deu o diagnóstico: alternador inoperante. Deu uma carga na bateria, mas nos avisou que provavelmente não seria possível chegarmos em casa. FFFFUUUUUUU [2]

Seguimos caminho sem usar absolutamente nada que puxasse corrente, para poupar a bateria somente para o motor. Eis que, num semáforo em uma pequena subida, o carro fica cada vez mais fraco, dá uns trancos na transmissão e se recusa a prosseguir. "Belt's, vou empurrar a jabulani, se não a gente não sai daqui", eu disse. Pulei da Meca, todo arrumadão, e resolvi empurrar, sendo quase "ovo-acionado" pelos espectadores, que gritavam palavras de desestímulo. FAIL total para nós 3. Com muita dificuldade e suor, empurrei a criança de aproximadamente uma tonelada e meia rua acima; ao contrário dos casos em que se vê nas ruas, não era empurrar, dar tranco, o motorista faz o carro ligar e logo espera o ajudante para que este entre no carro. Nós não podíamos parar a SLK, tínhamos que aproveitar o impulso e a descida, logo eu tinha duas opções: sair correndo atrás do carro que nem um idiota, ou a mais imbecil de todas: abrir a porta e pular no carro em movimento.


Com o carro parado, já existe uma óbvia dificuldade de se entrar nele devido a altura. Agora, com o carro andando, o problema crescia exponencialmente! Consegui entrar no carro com um pouco de dificuldade, mas tudo correu bem. Para piorar nossa situação, já não tínhamos mais o apoio do servo-freio nem da direção hidráulica. "O baguio tava doido". Após mais outra sessão de empurroterapia, conseguimos chegar à rua onde o Belt's mora e decidimos encostar o carro para fazer uma chupeta e tentar colocá-lo na garagem do prédio, onde estaria seguro, já que a capota não fechava. Eu empurrando o carro pela traseira e Belt's pela lateral, operando a dura direção. O cockpit fica rente ao eixo traseiro. Ao empurrar, devido a essa proximidade, a roda traseira esquerda simplesmente resolveu atropelar o pé do meu caro amigo, ao que este grita "PUXA O CARRO PRA TRÁS, PUXA PA TRÁS, PUXA PRA TRÁS!". Eu, assustado e sem entender, corri para ver o que acontecia e me deparo com seu pé inteiro torcido debaixo de uma das rodas do carro. Puxei imediatamente o carro para trás, imaginando que o coitado havia partido os ossos do pé e do tornozelo. Graças à Buda, não aconteceu nada demais, foi só um susto sem grandes consequências.

Chupeta feita, carro dentro da garagem. Ainda precisaríamos descer um piso do estacionamento com o carro, na base do muque. Assim fizemos: manobramos o carro e o estacionamos em sua respectiva vaga, tudo via empurrão.

Muita gente diria que me meti numa roubada, ao que eu discordo. Apesar da frustração e do mico de empurrar-se um carro desse naipe, foi algo bem engraçado! E tem outra, bons amigos não acompanham os seus grandes irmãos só nas horas boas; o que realmente mostra a integridade de uma pessoa é o apoio dado aos amigos na horas difíceis, sem pestanejar. Isso sem citar todo o prazer que tivemos ao rodar com o carro durante a tarde, com olhares femininos nos fuzilando pelas ruas e muitos marmanjos babando. Foi divertidíssimo. E digo mais: faria tudo outra vez! Afinal, tanto passar bons momentos como perrengues com os amigos é algo que não se põe preço!

                                         (Belt's e o autor deste blog, andando de Dakota R/T)

Aqui vai um grande abraço ao Belt's e seu pai, que estão de parabéns pelo brinquedão adquirido (com alternador novo em breve)! Ride hard!

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