quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

[IMPORT] Mitsubishi 3000GT VR-4, Psychosocial.

Belt's. Vocês conhecem este nome, não? Aqui está de volta o meu grande -e psicopata- amigo. Alguém que não se contenta com acelerações medíocres, com tração dianteira, com pouca cilindrada; como se não bastasse, ele cansou do "muscle cargo" que possuía e resolveu trocá-lo por um rice burner da Mitsubishi, o 3000GT VR4 93/94 (também conhecido como Mitsubishi GTO em alguns países).

Eu posso dizer que acompanhei a peregrinação do Belt's atrás de um veículo íntegro e com preço aceitável, algo difícil de ser encontrado, já que o esportivo é raríssimo em terrae brasilis. Foram várias visitas a anunciantes do  portal Webmotors, todas frustradas. Eis que este exemplar é encontrado, e estava localizado no interior de São Paulo. Negociações, acertos, blablabla, isso não nos interessa. Querem saber do carro? Lá vamos nós! Aproveite e pegue seu babador.




  O esportivo japonês conta com um motor 6G72 de 3.0L de deslocamento (ou 181pol.³), 8,0:1 de taxa de compressão proporcionada por um cabeçote DOHC de 24 válvulas (quatro para cada um dos seis canecos) que é capaz de gerar, em sua configuração original, 320hp @6000 rpm e 43mkgf de torque @ ridículas 2500 rpm! Tudo culpa de um par de turbocompressores e corte de rotação a 7300rpm. Como colocar tudo isso no chão? Com uma bela tração all-wheel drive, esterço nas quatro rodas, diferencial traseiro de escorregamento limitado, câmbio de seis velocidades (5+E) e um belo jogo de rodas aftermarket TSW de 19 polegadas com pneus Kumho Ecsta SPT 245/40 ZR19 98Y XL. Garanto aos queridos leitores que a porra é séria o carro traciona demais. Juro.



Para segurar a onda, o Kamikaze usa de freios a disco ventilados nas quatro rodas (discos de 12" na frente e 11" atrás) com pinças de quatro pistões na dianteira e dois na traseira, dotados de ABS. Com o intuito de manter o carro colado ao chão em altas velocidades (ele é capaz de chegar aos 270km/h!), há o sistema chamado "active aero", que engloba a regulagem eletrônica dos spoilers dianteiro e traseiro. Também eletronicamente controlada são a suspensão independente nos quatro cantos e todas as regulagens dos bancos dianteiros, incluindo o "abraço". Originalmente, o veículo contava com regulagem ainda do ronco do escape, porém este foi trocado por um conjunto completo em inox. Bom, chega de lenga-lenga e vamos à parte divertida do negócio: como é, como anda?



O interior é bem aconchegante e nos acomoda como um legítimo esportivo, com as pernas quase paralelas ao solo e a alavanca do câmbio manual bem alta e próxima ao volante, de peso certo e com precisão cirúrgica na comunicação com as rodas. Apesar de o carro ser bem gordinho, de declarados 2000kg, ele se movimenta com boa agilidade. A teórica dificuldade de se contornar curvas fica esquecida quando se tem tração integral, esterço nas quatro rodas e bons bancos de couro apoiando o corpo. Numa curva fechada em que faria com meu Chevy Celta 1.0 a 90km/h (lembrando que ele é dotado de bons pneus 195/45 R15 e muito grip), o velocímetro do Mitsu marcava 80. OITENTA? SÓ ISSO??? É, caro leitor, 80. MILHAS POR HORA. Isso é equivalente a 128 km/h, que tal? Isso por que estamos falando de um peso-pesado!



Devido ao acerto esportivo de suspensão e chassis, o veículo deve ser guiado com cautela nas ruas, ainda mais com as rodas de aro 19 e pneus de perfil baixíssimo. A máquina se sente à vontade mesmo é nas estradas e em espaços livres para acelerar, que é onde ela mostra toda sua saúde. E que saúde, hein, filhão?
Apesar de pequenos problemas mecânicos que surgem sob aceleração plena, o carro está andando forte: é capaz de comer Porsche Panamera Turbo no café da manhã e almoçar Subarus WRX, com Bimmer M3 de sobremesa. Tive o prazer de sentir o poder dos seis cilindros alimentados vorazmente por duas turbinas, emitindo um ronco gutural e nervoso acompanhado pelo assoviar/espirrar das válvulas do sistema sobrealimentador. É desconcertante a facilidade com que o veículo atinge altas velocidades!

Ontem pude perceber como grandes retas (para "gentleman drivers" de carros 1.0) se tornam curtíssimas. O carro larga forte, afundando a bela -e larga- traseira sobre as rodas deste eixo, sem perder um pingo de tração, esticando a primeira marcha até aproximadamente 70km/h; a segunda passa dos 120km/h e a terceira fica nos 180km/h, com máxima atingida em quinta (a sexta é overdrive). O longo câmbio casa bem com a proposta do carro, que tem muito torque já em baixas rotações e permite que se aproveite todo o soprar dos "ventiladores" goela abaixo da TBI. Em primeira marcha, quase infinita, a impressão é que se tem é que o monstruoso torque totalmente despejado no chão pela eficiente transmissão vai alterar o sentido de rotação da terra ou abrir um rombo no plano espaçoXtempo. Simplesmente assustador! Na segunda marcha o empurrão é parecido e continua assim até o dia do juízo final fim da quinta marcha. Não tínhamos espaço suficiente para aproveitar o desempenho completo da máquina e nos contentamos em acelerar até pouco mais de 100mph, lembrando que cada milha equivale a 1608 metros. E na hora de parar? A brincadeira também é boa! O excelente conjunto de freios mostra sua competência e estanca o veículo com segurança e equilíbrio.

Para um veículo de quase 19 anos de idade, existe tecnologia demais e a performance é absurda. Mal posso esperar pela plena saúde do carro e pelos upgrades! Em breve terão o gosto de ler uma avaliação mais completa e radical, com vídeos e tudo o que o carro merece.

Grande abraço!